Sempre penso que outras seriam
melhores que eu nessa história, que ficariam lindamente numa estante de prata.
Essas minhas inseguranças parecem paranoias, não tem fim. Sempre que algo de
interessante acontece, a minha alegria vai de 100 a 0 em questão de minutos.
Parece que nada de bom deve acontecer comigo, parece que a existência de uma
parede entre mim e o óbvio é quase que impossível. Os meus olhos querem, mas a
minha mente recua sempre que alguém me toca. Sempre que algo sorrir para mim.
Todas são interessantes, exceto eu. Todos são bons em alguma coisa, exceto eu.
Todos têm o direito de correrem livres no campo, exceto eu. Todas e todos devem
ter alguém para compartilhar os momentos puros da vida, do amor, exceto eu.
Exceto eu, que me excluo de todas as situações plausíveis. Exceto eu, que tenho
medo de seguir em frente, pois as cicatrizes persistem em não curar. Exceto eu,
que durmo cheia de sonhos e acordo no meio de uma nevasca. Exceto eu, que
visualizo um par perfeito ao seu lado, alguém que se entrelaça com as suas
ações, com o seu porte. Que inunda a sua vida de alegria, de bravura. Que
combina com as suas vestes amassadas depois de um dia de cão no trabalho. Que
escreverá lindas histórias de amor para contar aos netos. Que a sua imagem se
aperfeiçoa de grandeza e paz aos mais íntimos. Que agrada o olhar dos amigos
presentes numa mesa de jantar. Que torce pelas suas conquistas montada num
salto clássico. Que te beija na saída, enquanto á noite, veste uma lingerie
preta rendada para satisfazer o bem-amado. Que te ama como ninguém nunca amou
antes. Que sabe cada detalhe de ti, sem ao menos perguntar. Embora eu não
entenda o motivo da minha insegurança, ainda busco a quem devo amar. Porque
quando o meu coração escolhe alguém, ele não consegue desistir, mesmo que esse
alguém não esteja no mesmo nível social. Parece besteira, mas são as minhas
paranoias, minha roda-gigante preferida. Ninguém escolhe ser 100% seguro ou
100% inseguro, a verdade é que não escolhemos nada. Somos todos imperfeitos,
cheios de medo e dor. Não sou diferente deles e nem eles de mim. Não sou igual
a elas e nem elas a mim. Parece que todas são perfeitas para você, para estarem
ao seu lado. Para fazer o par perfeito em um baile irreal, para cobrir a sua
pele de louvor. Não lembro quando comecei a pensar desse jeito tão formidável,
tão desagradável! Caso me lembre daqui pro final desses versos, quem sabe eu
não possa contar os motivos, se é que existe um. Mas acho que algo começa a se
formar dentro de mim, fui ferida tantas e tantas vezes, tão redundante, que
tiraram as coisas boas de mim, tiraram o meu sorriso, os meus sonhos, o meu
ânimo, o contato com as pessoas. Perdi tudo naquela noite maldita. Sangrei até
o último alivio do meu uivar. Perdi a minha estabilidade em segurar na mão de
outrem e confiar nele os meus temores. Chegando ao ponto de abrir o meu peito e
dar o melhor de mim. Sim, eu poderia te dar o meu coração se você tivesse me
encontrado há anos atrás, em meados de 2011, no meio de 2012... final de 2016.
Carreguei todas essas dores comigo, hoje elas moram comigo, todas elas. Nem
tente entender como fiz isso, como suportei tudo sozinha. Ao longo do percurso
acreditei que a dor de um coração partido se curava com um novo amor, e foi aí
que errei. Pequei nesses detalhes sórdidos que lubrificam a alma. Fechei a
janela castanha para navegar nessa loucura. O amor é para os fortes e
destemidos, acho que ele não foi escrito para mim. Sou romântica por natureza,
se bem sei, mas nada justifica um olhar triste no alto da montanha. Vejo todos
a minha volta de mãos dadas, andando em pares assimétricos, seja lá de que
jeito estejam. Eles parecem mesmo saltitantes. Um dia, talvez, o amor resolva
bater na minha porta, mas ele surgiu, do nada, sem ao menos me avisar. Mas as
minhas paranoias dizem que não sou digna do teu amor, diz que não devo atiçar
um coração que pertence a várias. Que as minhas mãos só devem amparar-me do sol,
não do rosto de um homem sedutor. Que não sou nada, enquanto eu acreditar
nessas palavras tão fétidas. Eu não acredito no amor, mas um dia, já acreditei.
Roubaram de mim, o melhor que eu poderia ser para você nesse momento. Mas a sua
ocupação honrosa é um dos detalhes que me intriga. Enquanto vivo rabiscando
frases nos “ais” e “tais” por aí. Enquanto fotografo o meu corpo, na esperança
de esvaziar a tristeza que carrego no peito. Enquanto hidrato a minha essência
das noites em claro, banhando o lençol azul céu com minhas lágrimas intimas.
Não estou falando de atração fatal, nem amor à primeira vista, nem naquelas
histórias bem estruturadas de mentiras no “ERA UMA VEZ...”, só estou querendo
salientar que isso é muito mais que dois corpos nus numa bela praia, é a forma
de amor mais pura e reluzente do que qualquer estrela cadente riscando os 7
mares. É espiritual! São as nossas almas conectadas de alguma forma que não
consigo nem imaginar. É mais que carne e montanha de ossos cruzados. Está firme!
Está vivo dentro de mim! Crescendo a cada dia como um pé de feijões mágicos.
Mas é essa insegurança que destrói tudo, deixando a minha base irregular. Esse
medo que afronta até a existência do meu ser, não larga o meu pé despintado. Eu
sou insegura e tenho todos os motivos para ser. Não importa se você acredita ou
não nesses pigmentos. O meu coração sabe amar e ama com maestria. Ele sabe bem
o que quer e não vai desistir por nada nessa vida. O meu coração sabe bem a
estrada que precisa percorrer, a escolha de ficar ou sair, de seguir ou
desistir, de tentar ou ficar apenas observando, depende inteiramente de mim.
.
.
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Não
faça as malas, faça escolhas. Escolha amar outra vez, pare com essas paranoias
de que outra pessoa seria melhor do que você. Ninguém escolhe a quem deve amar,
a gente ama, e pronto. Ama porque sabe que vale a pena nos dar essa chance de
tentar outra vez. E tantas vezes que for necessário. Se uma cicatriz se formar,
não desconte no amor, desconte nos versos soltos. Depois... se perfume do chão
ao tento e ame mais uma vez.
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Sei que nunca acreditei no amor,
mas foi com cicatrizes ainda expostas que resolvi tentar a sorte, observando da
praia uma montanha e no seu topo só enxergava o meu passado. Percebi que tinha
seguido em frente, embora ainda estivesse com medo e os meus pés presos no
ontem, ainda sim, eu seguir. Foi por isso que sentia borboletas no estômago
toda vez que pensava em ti. Não sei se é amor e se for, que venha devagar sem
hora para voltar. Se for mesmo amor, eu quero rabiscar nas paredes do nosso eterno
lar, deixando para trás o que mais temia. Minhas paranoias.
Silva, Daiane
ps.: a imagem acima do texto, peguei no Google, um dos links de acesso remetiam a um blog que também fez uso da imagem, por favor, quem for o dono, avise, que darei o devido crédito, não só desta imagem, mas das demais que foram postadas aqui no meu blog. Desde já, agradeço. Obrigado!
beijos!!
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